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Os traumatismos no esporte como causa de Osteoartrose

Já foi visto e explicado nos temas anteriores que a cartilagem articular é um sistema hidráulico desenvolvido para funcionar como um amortecedor de choques. O arranjo arquitetônico formado tanto pelas fibras colágenas quanto pelos mucopolisacarídeos sulfatados, permite que este sistema funcione, preferencialmente, e com mais efetividade, para determinados eixos de carga.

No caso específico do joelho (sistema que abordaremos), a cartilagem articular funciona, preferencialmente, para diminuir as sobrecargas de compressão. As superfícies articulares tanto do fêmur, quanto da tíbia e da patela, são formadas por cartilagem articular sendo que, a estabilidade passiva desta articulação é decorrente dos ligamentos colaterais, ligamentos cruzados e meniscos.

Por vezes, em esportes de contato como o futebol e outros, forças laterais, oblíquas e antero posteriores são aplicadas em intensidades crescentes e variáveis.

Os ligamentos cruzados anteriores e posteriores funcionam como presilhas para forças aplicadas no sentido anterior e posterior, dificultando e, por vezes, impedindo deslocamentos bruscos. Eles também previnem os movimentos de hiperextensão e hiperflexão O mesmo acontece para os ligamentos colaterais, neste caso específico, atuando como estabilizadores nos sentidos laterais interno e externo.

As demais estruturas existentes no joelho, tais como os meniscos interno e externo (que são estruturas de forma semilunar), assim como as cartilagens articulares e a cápsula articular, também participam ativamente na biomecânica desta importante articulação de movimentação, funcionando como reguladores de superfícies, amortecedores de carga e lubrificador articular, visto que, a cápsula articular é o envoltório do joelho e restringe o líquido sinovial fabricado pela membrana sinovial.

Quando forças superiores ao ponto de resistência deste conjunto são aplicadas sobre os joelhos, como ocorre nas colisões em esportes de contato tais como, travadas em partidas de futebol, entradas laterais, carrinhos etc. ou mesmo, em torções em pisos irregulares, podem acontecer lesões nestes ligamentos, que são definidas como entorse (perda parcial da área de contato articular) e, em casos mais graves, luxações (perda total da área de contato articular).

Via de regra, quanto mais forte for o esforço aplicado e mais complexo e combinados forem os eixos das forças atuantes, maior será o estrago causado, e mais complexo será o tipo de lesão.

No caso específico do futebol, os mecanismos de lesão mais comuns são:


  1. Impacto que atinge o joelho pela parte lateral ou contra golpe no pé pelo lado medial (interno). Ocorrendo tal lesão quando de disputas de bolas em prensadas, ou travadas por carrinho.
  2. Impacto que atinge o joelho pela parte medial ou contra golpe no pé da região lateral. Ocorrendo tal lesão em soladas ou entradas por carrinho lateral.
  3. Impacto de torção, sem contato corporal, por aprisionamento do pé ou pisão sobre a bola.

Sempre que estivermos diante destas patologias, que causam lesões ligamentares e lesões meniscais, devemos ter em mente que a cartilagem articular também sofreu este choque e, com certeza, ocorreu um maior ou menor comprometimento cartilaginoso que, por vezes, é difícil de diagnosticar. Nestes casos, ocorre uma destruição de fibras colágenas e a desestruturação dos muco polisacarídeos sulfatados. Uma lesão da cartilagem articular ou dos meniscos implicará em um defeito da superfície articular e, como conseqüência, uma osteoartrose precoce.

Quando de lesões completas que impliquem am comprometimento de ligamentos cruzados e colaterais, estaremos diante de uma instabilidade completa quando da flexão.

Uma medida de prevenção cada vez mais em voga e considerada de ponta é, além dos cuidados gerais de imobilização precoce e de reconstrução ligamentar, como nos casos das lesões de cruzados (sendo estas medidas da traumatologia de urgência), a associação de analgésicos, antiinflamatórios e substâncias condroprotetoras, com a finalidade, não só de uma analgesia, mas também, de uma estimulação condrocitária e da agregação de sulfato de glicosamina para melhorar o caráter hidráulico desta articulação.

Quanto mais precoces os cuidados médicos adotados, bem como a utilização das medicações indicadas, menor tornar-se-á o risco futuro do desenvolvimento de uma osteoartrose precoce.

Pergunte ao seu médico quais as medidas condroprotetoras que deverão ser utilizadas, tanto na fase aguda quanto na fase de reabilitação.

Se você já foi vítima de algum destes acidentes, procure o seu médico especialista para uma orientação segura.

Dr. Antonio Carlos Novaes (Reumatologista)
Assistente Estrangeiro da Fac. de Med. de Paris